Ainda existe hierarquia? |
Acredito
que a reflexão é bem vinda, pois nos auxilia a repensar o modo como se exerce a
hierarquia, procurando de certa forma melhorar a convivência, otimizar e
aumentar a produtividade no âmbito empresarial.
Parece
que a palavra hierarquia, soa mesmo, como uma sombra do feudalismo, da Idade
Média, da era das trevas, na ocasião em que se podia lançar pessoas no
calabouço ou na masmorra e praticar inúmeros tipos de tortura. Naquele tempo
negro, a tortura era física e psicológica. Hoje, a tortura física parece
ter sido banida.
No
meu sentir, as guerras foram a maior expressão do que a hierarquia aliada ao
poder simbolizam em seu ápice. Multidões de pessoas foram mortas e trucidadas
nos campos de concentração, e não podemos negar que ali se expressava a pouca
sorte de quem não detém de nenhuma forma o poder. Ou seja, de quem estava no
subsolo da hierarquia pelo uso força.
As
mortes e os excessos contra a dignidade da pessoa humana demonstraram que as
coisas precisavam mudar e por este motivo em 1948 proclamou-se a Declaração
Universal de Direitos do Homem.
Acredito
que o conceito de hierarquia, bem como a sua implementação empresarial, deva se
adequar a este prisma. Não bastasse este forte fato histórico, recepcionado
pelas Constituições de inúmeros países em quase todo mundo, devemos lembrar que
hierarquia tem a ver com liderança. E liderar muito é melhor do que
"chefiar", “mandar”, "ditar as regras". Dizem os chefes
feudais: Quando um “burro fala, o outro baixa a orelha".
Há
quem afirme que a hierarquia democrática ainda exista, mas nem todos aqueles
que se denominam “chefes” estão prontos para liderar, este é um fato
incontroverso!
Os
maiores líderes da história da humanidade, compreendiam esta realidade, por
isto, antes de mais nada, ensinavam que liderar é servir, é reconhecer primeiro
sua condição de igualdade perante as outras pessoas, para por meio do respeito
conquistado obter a reverência voluntária. Entre tais personagens heróicos e
inspiradores podemos citar: Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Martin Luther King
Júnior e tantos outros.
É
claro que não precisamos de extremos representados por tais ícones, os quais
deram as suas próprias vidas por seus ideais, mas talvez seja por força da
compreensão que somos todos iguais perante a lei, pelo resgate da dignidade da
pessoa humana que a designação de "chefe", esteja entrando em desuso
ou colapso. Não vejo outra maneira de permiti-la coexistir, se não adequá-la ao
efeito de uma sincera, honesta e leal liderança.
Os
poucos "chefes" que adoraram as sombras da "hierarquia" de
cor medieval, que se alimentam de "regrinhas" são os mesmos que não
desejam incluir, ajudar e servir ao seu próximo, ao seu semelhante. Antes
disso, tomam por força a imposição de uma reverência feudal, para de fato fazer
estampar que são diferentes, que são melhores, ou mais dignos que os outros.
Enfim, chefiam como se estivessem na Idade Média, mas não lideram no presente!
A
evidência é que precisamos de líderes não de chefes. Os líderes inspiram,
enquanto os "chefes" nos moldes feudais, constrangem pela força
(i)moral, e, em assim fazendo, agregam subconscientemente uma torcida para que
seu “reinado” de “mandos” e “decretos” termine logo, dividem a empresa em dois
times, o que agride a produtividade e leva a perder o "jogo" no
mercado.
Chefiar
na verticalização é amealhar serviçais insatisfeitos, que na primeira
oportunidade buscarão uma recolocação no mercado de trabalho. Liderar é
inspirar confiança pelo tratamento horizontal, conquistando mais que liderados,
amigos para toda vida.
Por
tudo isto, feliz aquele que sendo chefe, prefere ser líder. Feliz aquele que
sendo subordinado entende que nem todo chefe feudal é para sempre.
Sou advogado há 15 anos
militante na cidade de São Paulo, especialista em Direito Processual Civil,
leciono para graduandos em Administração de Empresas, Ciências Contábeis e
Direito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Conto com sua participação.Comente.