sexta-feira, 25 de maio de 2012

A importância da China no crescimento brasileiro e o dilema do protecionismo


Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o volume total de comércio entre Brasil e China em 2011 foi de US$ 77,1 bilhões, contra US$ 56,3 bilhões em 2010. Nesse mesmo período, o nosso superávit comercial com os chineses mais que dobrou, saltando de cerca de US$ 5 bilhões para aproximadamente US$ 11 bilhões. Enviamos para aquele país anualmente mais de US$ 40 bilhões, principalmente em minério de ferro, petróleo e soja.

Esses números dão bem a dimensão do que representam para o Brasil os negócios com a China, que, de resto, com seu crescimento na casa dos 10% registrado nas últimas três décadas, tem sido um sustentáculo para a economia global. Uma análise da Revista Exame, ainda em 2011, mostrou que, considerando os últimos dez anos, sem o "efeito China" no preço das commodities, o Brasil teria um déficit de US$ 25 bilhões no saldo de sua balança comercial.

As exportações de commodities foram as grandes responsáveis pelo desenvolvimento econômico do Brasil nas últimas décadas, isso é um fato. Esse papel de relevo deve continuar, mesmo com a diminuição do ritmo chinês de crescimento previsto para este ano. Não há nada errado em exportar commodities, principalmente enquanto o mercado continuar aquecido e for vantajoso para o Brasil. Por outro lado, parte do empresariado tem reclamado de uma desaceleração da indústria e de um aumento do consumo interno de produtos importados.


Diante desse cenário, e de um avanço do PIB de 2,17% (em contraste com o de 7,5% em 2010), abriu-se o sinal verde para que as indústrias, algumas das quais operando no negativo, começassem a pedir por medidas de salvaguarda e apontassem os produtos importados como os grandes responsáveis.

No entanto, é consenso entre os especialistas em comércio internacional que a perda da competitividade na indústria se deve principalmente ao chamado "Custo Brasil", representado pela elevada carga tributária. Somem-se a isso os custos da energia, da logística, dos encargos trabalhistas, do investimento, do real supervalorizado e os gargalos da infraestrutura e tem-se o quadro completo do verdadeiro "vilão" a ser combatido.

Assim, se por um lado, o governo brasileiro age corretamente ao buscar um fortalecimento da indústria e um mercado competitivo, vem lançando mão de uma série de medidas protecionistas que, ao tentarem criar uma espécie de reserva de mercado para os produtores nacionais, não atacam o cerne do problema. Podem, inclusive, criar mais dificuldades do que soluções, ao diminuírem ainda mais a concorrência e, portanto, a competitividade do setor industrial no futuro.

Em 2010 a China se tornou o maior investidor estrangeiro direto do Brasil. Em 2011 o país ocupou o 4º lugar mundial em investimento produtivo. O governo precisa saber responder de modo mais maduro à complexidade do comércio e tirar melhor proveito dessa parceria estratégica, estabelecendo políticas para canalizar esses aportes em áreas como produção de manufaturas e setor de infraestrutura, entre outros. Ao mesmo tempo, é preciso oferecer um ambiente que incentive a produtividade e a inovação para as empresas instaladas aqui. E não será protegendo o mercado que irá conseguir isso.

Geraldo Ferreiraé diretor geral da Cathay, subsidiária da Asia Pulp and Paper (APP) no Brasil. 

Fonte: site Administradores
Temos como intuito postar notícias relevantes que foram divulgadas pela mídia e são de interesse do curso abordado neste blog. E por isso esta matéria foi retirada na íntegra da fonte acima citada, portanto, pertencem a ela todos os créditos autorais.
 

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